Texto escrito por Igor Viana Ferreira
As criptomoedas aparecem frequentemente nos noticiários em razão dos rápidos aumentos e diminuições em seu valor, que podem levar pessoas à falência ou produzir milionários de forma súbita. Além disso, as criptomoedas vêm ganhando destaque por conta das diferentes reações governamentais à possibilidade de sua utilização: em setembro, por exemplo, enquanto El Salvador se tornou o primeiro país a adotar o bitcoin como moeda oficial, o governo da China proibiu a realização de transações com o uso de criptomoedas.
Mas o que são as criptomoedas? Neste texto, apresentaremos o significado do termo, explicaremos alguns conceitos relevantes para compreendê-lo e indicaremos alguns dos principais entraves e benefícios associados à utilização desse tipo de moeda.
Em linhas gerais, as criptomoedas podem ser definidas como moedas virtuais descentralizadas, sendo que a segurança das transações é garantida pela utilização da tecnologia de blockchain. Certo, mas o que significa cada um desses termos? Se essa definição inicial serviu apenas para te deixar ainda mais confuso, não se preocupe: para compreender o que são as criptomoedas, são necessárias maiores explicações sobre alguns conceitos e expressões utilizados na definição.
Antes de mais nada, dizer que as criptomoedas são moedas virtuais significa dizer que elas existem somente no ambiente digital, ou seja, são inexistentes na forma física. Por isso, por mais que você procure, você não encontrará, por exemplo, cédulas de papel representando bitcoins ou outras criptomoedas (embora o bitcoin seja a criptomoeda mais conhecida e mais propagada nos noticiários, existem centenas de concorrentes no mercado das criptomoedas, como a Ethereum, a Litecoin, a Ripple, a Bitcoin Cash, a EOS, a Binance Coin e a Tether, algumas delas derivadas da própria bitcoin, outras desenvolvidas de maneira completamente independente). No final das contas, trata-se apenas de um valor, um número atribuído ao portador da moeda que lhe permite negociá-la livremente no mercado.
Além disso, dizer que as criptomoedas são moedas descentralizadas significa que não há um governo ou qualquer outro agente regulador específico responsável por emiti-las e controlar o seu valor. Em vez disso, a quantidade de moeda costuma ser determinada apenas pelos limites do poder computacional necessário para gerá-las e gerenciá-las (como veremos mais adiante) e seu valor varia exclusivamente com base na lei da oferta e da demanda.
Evidentemente, para o adequado funcionamento dos mercados envolvendo criptomoedas, é necessário se assegurar da autenticidade do valor atribuído, protegendo os compradores e vendedores de criptomoedas de fraudes e roubos. Afinal, um mercado só funciona corretamente quando há confiança na identidade dos atores (a comprovação, pelo portador, de que a moeda adquirida de fato lhe pertence, ainda que sua identidade física nem sempre seja revelada) e na integridade das operações (a comprovação de que o portador possui a quantidade que declara possuir, podendo transferi-la a qualquer momento a terceiros se assim desejar, sem a possibilidade de transferências duplicadas de um mesmo valor).
Assim, destaca-se o papel da criptografia, que pode ser definida como a codificação de uma mensagem para torná-la ilegível, exceto para quem possuir a chave adequada para decodificá-la. Tal processo de codificação e decodificação mediante chaves (em geral, chaves matemáticas) pode ser utilizado para comprovar a autenticidade de uma série de informações. Uma de suas principais aplicações é na comprovação da identidade do portador da criptomoeda (nos termos indicados no parágrafo acima, não necessariamente relacionados à sua identidade física). Para armazenar e transacionar criptomoedas, em geral o portador deve utilizar uma carteira de moedas digitais. Cada carteira possui um número único de identificação, comumente chamado de endereço, utilizado para localizá-la na rede.
Outro aspecto decisivo para estabelecer a confiança é a utilização do blockchain, uma espécie de livro público virtual de registros, no qual uma rede interconectada de computadores transmite entre si, em sequência, vários blocos de informação. Cria-se, portanto, uma cadeia sempre crescente de blocos de informação (daí o nome blockchain, que pode ser traduzido como “corrente de blocos”), nos quais são registradas as operações envolvendo criptomoedas. Cada computador presente na rede recebe todos os blocos de informação a cada nova transação e, portanto, cada computador é capaz de auditar as informações de forma independente. Assim, a averiguação de eventuais erros e potenciais fraudes ocorre de maneira extremamente eficiente. Por outro lado, não é possível que um computador, isoladamente, delete qualquer informação já adicionada à cadeia, tendo em vista que ela se propaga instantaneamente por toda a rede. Por isso, o sistema demanda quantidades sempre crescentes de energia e poder computacional à medida que as transações com a criptomoeda vão ocorrendo.
Estabelecido o conceito de criptomoedas, é possível compreender algumas das principais desvantagens e vantagens de seu uso. Com relação às desvantagens, cabe ressaltar, por exemplo, a notável instabilidade de seus valores, causada pelos altos e baixos da oferta e da demanda. Além disso, embora reduzido, o risco de ataques de hackers direcionados às carteiras virtuais e até mesmo aos sistemas utilizados pelos desenvolvedores das criptomoedas nunca é completamente eliminado, podendo causar importantes perdas financeiras. Por fim, como o uso das criptomoedas ainda é pouco difundido, a maioria das localidades não as aceitam como forma de pagamento, tornando-as mais propícias a funcionar como uma maneira de investimento do que como um instrumento para a compra e venda de produtos.
Com relação às vantagens, destaca-se que em conjunto com a alta volatilidade vêm as possibilidades de altas e rápidas taxas de retorno pelo investimento. Ademais, em que pese a imprevisibilidade inerente a qualquer ativo econômico, a tendência é que as criptomoedas sejam cada vez mais bem aceitas e utilizadas com o avanço da tecnologia e a maior aceitação de novas formas de pagamento a ela associadas.
REFERÊNCIAS
INFOMONEY. Criptomoedas: Um guia para dar os primeiros passos com as moedas digitais. InfoMoney, 2021. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/guias/criptomoedas/>. Acesso em 4 de outubro de 2021.
KOVACS, Leandro. O que é uma criptomoeda? Tecnoblog, 2021. Disponível em: <https://tecnoblog.net/444343/o-que-e-uma-criptomoeda/>. Acesso em 4 de outubro de 2021.
LEITE, Vitor. O que é criptomoeda? Entenda de uma vez. Blog Nubank, 2020. Disponível em: <https://blog.nubank.com.br/o-que-e-criptomoeda/>. Acesso em 4 de outubro de 2021.
PENA, Rodolfo F. Alves. Bitcoin. Mundo Educação Uol, 2021. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/bitcoin.htm>. Acesso em 4 de outubro de 2021.
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